O prefeito de Nova
Mamoré, Laerte Queiroz (PSDB), defendeu nesta sexta-feira (9) a oferta,
pelo governo federal, de linhas de crédito especial para reconstrução de
municípios de Rondônia, em razão da enchente do Rio Madeira, que afetou
42% da população do estado. O rio, que atingiu o nível histórico de
19,74 metros em 31 de março, encontra-se em estado de vazante, apesar de
repique havido nesta semana, o que voltou a deixar apreensiva as
autoridades locais.
- Não temos a menor
condição de fazer [a reconstrução]. No município, em situação normal, já
e difícil manter o básico, imagina em uma situação como essa, de
calamidade publica. Toda a estrutura do município está danificada. Não
temos equipamentos nem máquinas e técnicos na área de saúde. Precisamos
de ajuda do governo federal e da união dos governos federal e estadual –
afirmou.
A defesa civil do
estado já elabora um plano integrado para reconstrução de alguns
distritos e a prevenção de desastres. O documento será submetido à
avaliação do governo federal. O prefeito de Nova Mamoré disse que a
enchente não causou vítimas fatais devido à atuação do sistema de defesa
civil, que atuou no resgate de ribeirinhos e na transferência a outros
municípios – em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) e da Polícia
Federal (PF) – de pacientes hospitalizados.
Em Rondônia, mais de 31
mil pessoas ficaram desabrigadas. Nove bairros e distritos de Porto
Velho, localizada à beira do Rio Madeira, ficaram alagados, assim como
trechos das BRs 364 e 425, entre outras rodovias que cortam o estado. Os
prejuízos ainda não foram calculados, mas podem chegar a R$ 5 bilhões,
estima o governo local.
- Ainda estamos
parcialmente isolados, com dificuldade de acesso a estradas vicinais, e
dificuldade de abastecimento, pela falta de acesso. Nunca tínhamos
vivido uma situação como essa. Nova Mamoré nem tinha conselho municipal
de defesa civil, nunca tinha acontecido calamidade. Fomos pegos de
surpresa – afirmou.
Em Nova Mamoré, contou
Queiroz, 6 mil alunos ainda estão fora da escola e um abrigo único reúne
200 famílias, o que não deixa de trazer transtornos para autoridades
locais, sobretudo pelo clima quente da região. Nos 80 dias em que ficou
isolado, o município, que tem sua base econômica na agropecuária, deixou
de abater 300 cabeças de gado e escoar 112 mil litros de leite por dia.
A enchente também provocou perdas na indústria madeireira e no comércio
local.
Laerte Queiroz
participou de audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma
Agrária (CRA) destinada a debater a situação dos municípios atingidos
pela enchente. Do debate também participaram representantes de
ministérios e do governo de Rondônia.
Reconstrução
Na avaliação do senador
Acir Gurgacz (PDT-RO), a reconstrução de estradas vicinais é um dos
grandes desafios dos municípios de Rondônia. A limpeza das cidades e a e
os riscos de epidemia também foram citados pelo senador, que preferiu
não associar a enchente à construção de empreendimentos no Rio Madeira.
- [As usinas] não têm
ligação com as chuvas na região, que provocaram as enchentes. Mas, sem
as chuvas, as águas voltaram a subir essa semana. As águas não subiram
entre Jirau e Santo Antônio. Permaneceram no mesmo nível. Isso pode nos
dizer alguma coisa. O repique do rio assusta, mesmo sem a ocorrência de
chuvas – afirmou.
Em sua exposição, o
coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Caetano, disse que em três
meses foram gastos todo o orçamento de 2014 do órgão para todo o
estado. Ele sugeriu o pagamento de bolsa-aluguel, adotado pelo governo
em casos similares, a moradores de Porto Velho, Nova Mamoré e
Guajará-Mirim sem condições de voltar para casa.
O representante do
Ministério da Integração, Paulo Falcão, disse que R$ 8 milhões já foram
repassados em ajuda humanitária à Rondônia. Ele observou que aguarda a
apresentação de um plano de trabalho, a ser encaminhado à Defesa Civil
nacional, com as principais ações a serem adotadas.
O representante do
Ministério da Pesca, Henrique Almeida, informou que será prorrogado por
mais dois meses o pagamento do seguro defeso a pescadores de alguns
municípios. Ele também informou que haverá um reforço na distribuição de
cestas básicas, e disse que espera as águas baixarem para avaliar o
deslocamento de antigos núcleos populacionais.
O representante do
Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit), Roberto
Silva, disse que algumas rodovias ainda têm 22 centímetros de lâmina
d’água. Ele acrescentou que é preciso esperar que as águas baixem para
definir os trechos que serão restaurados ou reconstruídos na BR-364 e
outras rodovias.
Para o representante do
Ministério do Desenvolvimento Agrário, João Luiz Guadagnin, o acesso a
políticas públicas e a novos créditos bancários passa pela regularização
fundiária dos agricultores de Rondônia. Já o representante do
Ministério da Agricultura, Marcelo Guimarães, lembrou que a enchente do
Rio Madeira ocorreu no momento da vacinação contra aftosa em Rondônia,
que teve que ser suspensa. Ele explicou que aguarda um novo levantamento
para definir a atuação dos técnicos no rebanho disponível.
Fonte: Agência Senado