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sexta-feira, 18 de abril de 2014

Espião americano diz que Cassol utilizava Polícia Civil para ameaçar desafetos em Rondônia

O ex-prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho (PT) aparece em uma correspondência da embaixada americana onde teria feito revelação a um espião americano em Brasília como fonte de uma informação que confirma o atropelamento de toda a legislação para que as usinas fossem construídas o mais rápido possível, por determinação do governo federal e ordens expressas do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT). 


De acordo com o documento, revelado pelo site Wikileaks, que foi encaminhado para as embaixadas de Buenos Aires, La Paz, Santiago, Bogotá, aos departamentos de comércio e do Tesouro americano, além de Quito, Assunção, Lima, Montevideo, Caracas e a secretaria de estado americano, o ex-prefeito teria dito a um “EMBOFF” (sigla para Embassy Officer – oficial de embaixada, também conhecido como agente secreto), no dia 30 de maio que “preliminarmente o Ibama havia aprovado a instalação das suas usinas”. A informação seria confirmada no dia 5 de junho pelo próprio Lula.

A correspondência intitulada “BRAZIL’S RONDONIA STATE CONFRONTS THE PROBLEMS OF DEVELOPMENT” (Estado brasileiro de Rondônia enfrenta problemas de desenvolvimento – tradução livre) é extensa e trás detalhes sobre a localização geográfica do Estado, principais características e ainda detalhes históricos, desde a construção da ferrovia Madeira Mamoré (identificada no documento como Mad Maria) até os dias atuais. O documento também narra que o processo de colonização do Estado foi mal feito e alerta sobre a falta de infra-estrutura física e institucional da cidade, “ o processo foi mal planejado e mais pessoas chegaram ao Estado do que poderiam ser acomodado. Como resultado , os imigrantes que chegam invadem o espaço de populações tradicionais, comunidades indígenas e ex- seringueiros, e aqueles que chegam em Porto Velho sentem a opressão pela falta infra-estrutura física e institucional da cidade”.

No mesmo relatório, o analista de inteligência chama a atenção para a corrupção e impunidade no Estado. Assim ele descreve o cenário político de Rondônia, “Ao contrário do estado vizinho do Acre ( telegrama separado – septel ) , Rondônia não tem um histórico de boa governança. Em 2006, o Federal A polícia prendeu 23 dos 24 membros do legislativo estadual , juntamente com promotores e juízes estaduais, sob a acusação de corrupção. Ninguém acabou indo para a cadeia, e incrivelmente cinco dos legisladores presos foram reeleitos em 2006”. Mas o analista também se mostra surpreso – e destaca em seu relatório – uma fala do ex-governador Ivo Cassol sobre a importância da educação “contatos em Porto Velho relatam que durante sua campanha de reeleição , ao ser perguntado por que ele (Cassol) não havia dado maior ênfase à educação em sua administração , ele respondeu que a educação não era importante: “olhem para mim, eu sou rico, eu sou poderoso, mas eu tenho quase nenhuma escolaridade”. O analista também faz menção ao uso da polícia civil para intimidar um fazendeiro que se recusou a vender parte de suas terras a Cassol, “outros relatam que, quando um fazendeiro que possuía terrenos adjacentes fazenda de Cassol teimosamente se recusou a vender uma parcela da propriedade para ele, o governador, utilizando um helicóptero da polícia estadual mandou que atirassem no gado do fazendeiro, usando uma metralhadora”.

A correspondência também afirma que “um clima de impunidade reina em Rondônia , com pouco respeito pelo Estado de direito”. No tocante as usinas, o relatório é mais incisivo e destaca, “Enquanto o presidente Lula, o seu chefe de gabinete, o governador, o prefeito, cerca de 90 por cento da população de Porto Velho, e uma clara maioria apóia a construção das usinas, uma pequena, mas importante parcela da comunidade ambiental local é contrária. Apoiadas pela Rede de ONGs do Rio International, eles levantam uma variedade de pontos interessantes, principalmente em relação ao estudos de impacto ambiental, que segundo eles,  está incompleta. Eles afirmam que :
- Por causa de possível excesso de sedimentação , não está claro a quantidade de terra que seria inundada e quais seriam as consequências. Em particular, eles temem que, se um aterro aberto apenas fora de Porto Velho é inundado , os metais pesados ​​enterrado lá poderiam contaminar tanto águas subterrâneas e de abastecimento de água potável da cidade.

- O aumento da água que está perto de Porto Velho só vai exacerbar os problemas da cidade em termos de doenças transmitidas por mosquitos como a malária e a dengue.

- Os dois projetos podem afetar negativamente o habitat migratório peixes, bem como aqueles das comunidades ribeirinhas que dependem dessas ações para a sua subsistência . ( Indústria de pesca do estado emprega 20.000 trabalhadores, dos quais 70 por cento vivem na capital)
- Construção das barragens agravaria Porto Velho do precário Estado como o aumento de migrantes que vêm para a cidade (estimada em em algum lugar entre 40.000 e 250.000 pessoas ) iria sobrecarregar o capacidade da cidade para prestar serviços sociais.

- Porto Velho não precisa da eletricidade das barragens, bastaria um gasoduto de 500 km, que está sendo construído, ligando a cidade para reservas em Urucu (AM ).

- Os principais beneficiários do projeto será o Brasil de várias consórcios de construção, que estão apenas à procura de manter a volume de seus negócios, não importa o que eles constroem é necessário ou não”. Um ponto chama a atenção em um comentário feito pelo analista no fim do texto, ele afirma, “(Comment: The unstated corollary here is that the politicians shepherding the initiative would benefit from under the table “tips.”) Em tradução livre  seria “dica – alguns políticos gostam de se beneficiar de esquemas por baixo da mesa”.
Lula quer esses projetos

Ainda no relatório produzido pelo analista americano, ele revela que “os argumentos dos adversários são dignos de debate, mas, em muitos aspectos, também são irrelevantes. Focada na expansão do país infra-estrutura energética, de modo a diminuir a possibilidade de futuro escassez de grandes áreas metropolitanas do país, o presidente Lula e seu Chefe de Gabinete deixaram claro que eles querem essas barragens sejam construídas. Lula incluiu especificamente esses dois projetos em seu altamente alardeado pacote nacional de infra-estrutura (PAC), lançado em janeiro logo após sua reeleição. Outro elemento do PAC foi uma proposta de dividir o Ibama (órgão ambiental nacional) em dois, de modo que as suas funções de proteção florestal não interferissem com o licenciamento de seu ambiente responsabilidades – e projetos como estes estariam livres para avançar”. O relatório é encerrado com um alerta obscuro sobre o futuro de Porto Velho, “na falta de melhoria na governança do Estado, pode-se esperar para ver nos próximos anos o aumento da violência, a doença, o crime e a exploração laboral”.

Fonte: Fonte: Painel Político