Ele é chamado carinhosamente de “Velhinho” pelos colegas, mas sua disposição impressiona a todos.
Aos 53 anos, o policial civil
Osvaldim Suhet Reis contabiliza 23 anos de carreira e coleciona
histórias.
Na terça-feira passada, às 5h, ele já estava preparado — junto com a
equipe da 21 DP (Bonsucesso) — para a operação que terminou na prisão de
18 integrantes de uma facção criminosa que tenta há cerca de um ano
tomar os pontos de venda de droga do Morro da Serrinha, em Madureira.
No front, ele não deixa a desejar comparado aos colegas mais novos.
— Em troca de tiros, ele não corre. Já até me emprestou carregador. A
gente se surpreendeu muito — afirmou o investigador Ricardo Rodrigues,
que trabalha com Suhet há um ano e meio.
Em novembro do ano passado, Suhet participou da operação de retomada do
Complexo do Alemão: um momento marcante de sua carreira.
Com lágrimas nos olhos, o policial — que já perdeu amigos em tiroteios
no conjunto de favelas — diz que o mais importante foi ver o apoio da
população:
— Os moradores nos receberam como salva-vidas. Nos ofereceram água,
deram apoio. Nunca tinha visto isso antes em operação. Isso me deixou
orgulhoso — relembra o veterano.
SETE TIROS EM EMBOSCADA NA AV. BRASIL
A memória de Suhet não falha ao lembrar da primeira vez em que foi
atingido por um tiro: foi numa operação na favela de Manguinhos.
Mas foi numa emboscada que ele quase morreu em 1999: foi atingido por
sete tiros na Avenida Brasil.
Osvaldim Suhet diz que a polícia mudou muito desde o início de sua
carreira. Segundo ele, atualmente, os policiais têm melhores condições
de trabalho.
Mas essa não foi a única mudança nesses 23 anos.
Pai de dois filhos — um
de 26 e outro de 19 anos — e prestes a ser avô, ele também mudou:
— Antes, quando chegava numa favela, eu era o primeiro a desembarcar da
viatura. A idade chega e a gente fica mais cauteloso. Eu quero ver minha
neta nascer.
Há oito anos sem férias, ele nem pensa em aposentadoria, porque ainda
quer realizar um sonho. Suhet espera ver o filho mais novo seguir seus
passos: entrar para a Polícia Civil.
Com bom humor, o policial conquistou o respeito e o carinho da equipe.
— Eu brinco com todo mundo, desde a faxineira até o delegado. A gente
tem que levar a vida — disse.
Para os iniciantes, Osvaldim Suhet conta o segredo para trabalhar por
tantos anos com a mesma admirável empolgação:
— Amo o que faço. A polícia é minha amante. Sem ela, eu não seria nada.
FONTE - extra.globo.com