Um erro na conexão entre a
linha de transmissão e as duas usinas hidrelétricas do Rio Madeira (RO)
— Jirau e Santo Antônio — vai pesar no bolso dos consumidores
brasileiros. Eles terão que pagar cerca de R$ 100 milhões, mesmo
recebendo somente uma parte da energia gerada pelas usinas.
Segundo
cálculo feito por um especialista do governo, se as obras da usina de
Jirau não tivessem atrasado, o prejuízo poderia ser ainda maior, de mais
R$ 500 milhões, porque, mesmo que a energia não chegue às casas dos
consumidores, ela teria que ser paga. O problema de incompatibilidade
entre os sistemas foi revelado em reportagem publicada nesta
segunda-feira pelo jornal “Valor Econômico”.
Segundo
o técnico, caberia ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)
repassar à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) as exigências
para a elaboração do edital. O ONS informou apenas que a questão está no
âmbito do Ministério de Minas e Energia.O edital de licitação do
complexo de linhas de transmissão, que liga as hidrelétricas do Rio
Madeira, em Rondônia, até Araraquara (SP), com cerca de 2.375
quilômetros de extensão, não estabeleceu nenhuma especificação sobre os
equipamentos que deveriam ser utilizados. As empresas tiveram liberdade
para escolher o tipo de material a ser utilizado. Com isso, os sistemas
das usinas e do complexo de transmissão são incompatíveis.
Ministério: ‘não houve erro’
O
ministério informou, por meio de nota, que “não houve erro” do órgão.
Segundo o MME, nos editais de licitação de Santo Antônio e Jirau estava
claro que as empresas deveriam obedecer aos procedimentos de rede e às
outras exigências do ONS.
Segundo
a nota, já para o leilão das linhas, realizado em novembro de 2008,
foram disponibilizados aos agentes “quatro relatórios técnicos que
tratam do processo de planejamento”, onde está prevista a instalação do
Master Control (Controle Mestre). Este é o equipamento que faz as linhas
de transmissão e as usinas se comunicarem.
O
ministério afirma ainda que “o requisito do GSC (Generator Station
Coordinators), que envia informações necessárias ao Master Control” de
quantas turbinas estão em operação, só poderia ser dimensionado após o
leilão de transmissão para integração do complexo Madeira.
“Uma
vez identificada a necessidade do GSC, os agentes geradores deveriam
tomar as providências para o cumprimento dos Procedimentos de Rede”,
completa a nota do Ministério. A Usina de Santo Antônio e o consórcios
Energia Sustentável do Brasil, que controla Jirau, não quiseram se
pronunciar.
Fonte: G1