Ídolo do Botafogo e Seleção Brasileira, Mané Garrincha jogou no Estádio João Saldanha em 1973. Agora, local está interditado por não apresentar segurança.
Vista da arquibancada do Estádio João Saldanha (Foto: Helen Batista/GLOBOESPORTE.COM) |
“Sua ilusão entra em campo no estádio vazio, uma torcida de sonhos
aplaude talvez, o velho atleta recorda as jogadas felizes, mata a
saudade no peito driblando a emoção...”, o trecho da música em homenagem
a Mané Garrincha, balada nº 7, de autoria de Alberto Luiz, regravada
por Moacyr Franco, em 1970, e pelo sambista conhecido como Noite
Ilustrada (Mário Sousa Marques Filho), faz recordar grandes lembranças
do Estádio João Saldanha, em Guajará-Mirim (RO).
Palco de partidas históricas, o estádio que tem 39 anos está
interditado desde 2007. De lá pra cá, nenhuma história pra contar. As
únicas boas recordações ficaram gravadas nas memórias e fotos antigas
dos jogadores que fizeram história no futebol guajaramirense.
O extinto time profissional de Guajará-Mirim nunca teve tradição no
futebol rondoniense e foi campeão estadual apenas uma vez, no ano de
2000. Mas foram nas peladas e competições amadoras que os amantes do
futebol da cidade vivenciaram momentos inesquecíveis. O dia três de
março de 1973 foi um deles. A partida entre Marechal Rondon e Pérola do
Mamoré contou com a presença do ídolo do Botafogo e da Seleção
Brasileira, Mané Garrincha.
Time do Marechal Rondon com Mané Garrincha (Foto: Arquivo Pessoal/Casca-úva)
E a lista de ‘peladeiros’ que jogaram com o gênio da bola é grande. O
ex-goleiro do time Marechal Rondon, Abrahim Chamma, 64 anos, relembra
orgulhoso da partida de futebol e se emociona ao 'voltar no tempo'.
- Nunca tinha visto tanta gente naquele estádio. Nesse dia, mais de cinco mil torcedores compareceram para ver o clássico. Garrincha jogou um tempo em cada time. No primeiro tempo ele jogou no nosso time, o resultado ficou em 0 a 0. No segundo tempo, o placar terminou em 1 a 0 contra o time que o Garrincha estava jogando. Joguei e ganhei dele (risos) - lembra o jogador que ainda tira onda.
- Nunca tinha visto tanta gente naquele estádio. Nesse dia, mais de cinco mil torcedores compareceram para ver o clássico. Garrincha jogou um tempo em cada time. No primeiro tempo ele jogou no nosso time, o resultado ficou em 0 a 0. No segundo tempo, o placar terminou em 1 a 0 contra o time que o Garrincha estava jogando. Joguei e ganhei dele (risos) - lembra o jogador que ainda tira onda.
Casca-Uva e Abrahim Chamma - (Foto: Helen Batista/GLOBOESPORTE.COM)
- O Garrincha deu um drible no lateral esquerda do Pérola, que ficou
tão frustrado, que quando o jogo terminou, pendurou a chuteira e não
jogou mais. Todo mundo tirou sarro dele.
O lateral-esquerdo do time Marechal Rondon, Roberto Carlos Araújo da Paixão, mais conhecido como Casca-Uva, também desfrutou de alguns momentos ao lado do 'Anjo de pernas tortas' e até aproveitou para aprender com o ídolo.
- Ele me ensinou a fazer jogadas. Tive bastante contado com Garrincha, porque na época estava no Exército e ele ficou hospedado na casa de um major - afirma o jogador.
E nem mesmo a passagem de um dos grandes do futebol foi suficiente para manter o brilho do Estádio. Embora desperte a lembrança de muitos jogadores, o lugar não tem previsão para ser recuperado e deve ficar para a próxima gestão municipal. Segundo o Corpo de Bombeiros o estádio está interditado por não apresentar as mínimas condições de segurança.
O lateral-esquerdo do time Marechal Rondon, Roberto Carlos Araújo da Paixão, mais conhecido como Casca-Uva, também desfrutou de alguns momentos ao lado do 'Anjo de pernas tortas' e até aproveitou para aprender com o ídolo.
- Ele me ensinou a fazer jogadas. Tive bastante contado com Garrincha, porque na época estava no Exército e ele ficou hospedado na casa de um major - afirma o jogador.
E nem mesmo a passagem de um dos grandes do futebol foi suficiente para manter o brilho do Estádio. Embora desperte a lembrança de muitos jogadores, o lugar não tem previsão para ser recuperado e deve ficar para a próxima gestão municipal. Segundo o Corpo de Bombeiros o estádio está interditado por não apresentar as mínimas condições de segurança.
Atual situação do Estádio João Saldanha, em Guajará-Mirim (Foto: Helen Batista/GLOBOESPORTE.COM)
José Cordova de Souza um dos que presenciou a construção do estádio
desde seu alicerce até a plantação do gramado, atualmente coordena
torneios entre Guajará-Mirim e Guayaramerim, se diz decepcionado em não
poder realizar campeonatos no estádio.
- Agora só temos jogos de várzea onde a premiação é dinheiro e bebida, enquanto nos campeonatos realizados pela Federação o prêmio é troféu - afirma José Cordova.
- Agora só temos jogos de várzea onde a premiação é dinheiro e bebida, enquanto nos campeonatos realizados pela Federação o prêmio é troféu - afirma José Cordova.
Do mesmo sentimento compartilha o pentacampeão municipal pelo time do
Marechal Rondon, Antônio de Souza da Silva, 44 anos, que se revolta ao
falar sobre a situação do estádio, que por muitos anos foi palco de
grandes clássicos do futebol local.
- Sinceramente fico muito indignado em ver o estádio na situação em que está hoje. Me emociono sempre que falo do estádio, porque participei de muitas coisas boas naquele lugar, ele faz parte da minha história.
O Estádio João Saldanha
- Sinceramente fico muito indignado em ver o estádio na situação em que está hoje. Me emociono sempre que falo do estádio, porque participei de muitas coisas boas naquele lugar, ele faz parte da minha história.
O Estádio João Saldanha
Curiosamente o estádio leva o nome de João Batista Saldanha Guerreiro -
que não é o João Alves Jobin Saldanha, jornalista e treinador de
futebol que classificou a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1970 -,
mais conhecido como João Saldanha, foi jogador de futebol e vôlei,
locutor esportivo, piloto de avião e prefeito por dois mandatos no
município de Guajará-Mirim.
Paulo Saldanha, sobrinho de João Saldanha
(Foto: Helen Batista/GLOBOESPORTE.COM)
(Foto: Helen Batista/GLOBOESPORTE.COM)
Estava diretamente ligado ao esporte na cidade, foi responsável pela
construção do primeiro estádio do município, e após sua morte, em sua
homenagem, o Estádio 10 de abril passou a se chamar João Saldanha.
Paulo Cordeiro Saldanha, de 66 anos, ex-jogador de futebol, campeão
municipal em 1966 pelo Guajará e artilheiro em 1968, é sobrinho de João
Saldanha. Para ele, voltar às origens e ver o legado de seu tio na
situação em que está é lamentável.
- Eu tenho muita pena da situação do estádio, ele já foi recuperado com defeitos, até onde sei as arquibancadas não tem a dimensão correta e a juventude está sem praticar esportes. Lamento que a cidade não tenha mais campeonatos organizados como era antes. Perdemos tudo: os times, os clubes a paixão pelo esporte.
- Eu tenho muita pena da situação do estádio, ele já foi recuperado com defeitos, até onde sei as arquibancadas não tem a dimensão correta e a juventude está sem praticar esportes. Lamento que a cidade não tenha mais campeonatos organizados como era antes. Perdemos tudo: os times, os clubes a paixão pelo esporte.
Fonte: globoesporte.com